terça-feira, 26 de maio de 2009

Nova técnica pode descobrir água em planetas extrasolares

(Apolo11) Em 1990, quando a sonda Voyager estava próxima ao limite do Sistema Solar, uma fotografia chamou a atenção do mundo. Ela retratava a Terra, vista de uma distância nunca imaginada. Na cena, nosso planeta é tão pequeno e insignificante que o astrônomo Carl Seagan o chamou de "Pálido Ponto Azul", em uma referência ao diminuto ponto perdido entre milhões de estrelas.
Uma das mais belas fotos da Terra, chamada "Pálido Ponto Azul". A imagem foi feita pela sonda Voyager 1 no dia 14 de fevereiro de 1990 e mostra nosso diminuto planeta a uma distância de 6.4 bilhões de quilômetros de distância. "Pálido Ponto Azul" foi feita a pedido do próprio astrônomo Carl Seagan, justamente para mostrar o "quanto nosso planeta é pequeno comparado à nossa arrogância".


Desde "Pálido Ponto Azul", os astrônomos descobriram mais de 300 planetas orbitando estrelas diferentes do Sol, quase todos gigantes gasosos como Júpiter. No entanto, devido à gigantesca distância, mesmo usando poderosos telescópios estes planetas não passam de um microscópico ponto, muito difíceis de serem estudados.

Como parte de um estudo utilizando instrumentos a bordo da nave Deep Impact (Impacto Profundo), uma equipe de astrofísicos e astrobiólogos estão agora tentando reduzir essa dificuldade, aprimorando uma nova técnica que pode apontar se os distantes planetas podem ter água, capazes portanto de abrigar vida.

"A água líquida na superfície de um planeta é o ouro que os cientistas espaciais buscam", disse Nicolas Cowan, doutorando em astronomia na Universidade de Washington e que teve seu paper (trabalho científico) publicado esta semana no periódico "Astrophysical Journal".

Variações de cores
Além da missão de impacto e estudo de cometas, a sonda Deep Impact também participa do projeto Epoxi, de caracterização e observação de planetas extrasolares. Em atividade recente a sonda realizou duas sessões de observação da Terra, registrando as variações de luminosidade em sete comprimentos de onda da luz visível, desde próximo ao ultravioleta até próximo ao infravermelho. Em quase todas as bandas sondadas a Terra aparecia em tons cinzas devido à cobertura de nuvens, mas nos comprimentos de onda mais curtos predominava o azul, devido ao mesmo fenômeno de espalhamento que torna o céu azul quando visto da Terra.


Concepção artística mostra um planeta extrasolar. O trabalho proposto pretende localizar água através de micro variações no espectro do planeta

Os pesquisadores estudaram então os tênues desvios das cores, provocados pelo movimento de rotação dos oceanos e deslocamento das nuvens e encontraram duas cores dominantes, uma refletindo as ondas longas, ou vermelhas e outra refletindo os comprimentos de ondas curtas, ou azuis. O vermelho foi interpretado como as massas continentais e as azuis os oceanos.

"A análise foi realizada como se fôssemos alienígenas olhando a Terra, como se estivessem nos observando dezenas de anos-luz", disse Cowan.

Interpretação

Uma vez que as cores mudam durante as observações de longa duração, os cientistas criaram mapas nas cores dominantes (vermelha e azul) e então compararam as interpretações com a atual localização dos continentes e oceanos. "Os resultados permitem afirmar com certeza que existe água líquida no planeta". disse Cowan. "Se existe água líquida é porque o planeta está dentro da zona habitável, o que não significa que todo planeta que esteja nesta zona tenha água líquida", explicou o pesquisador.

As observações da Terra foram feitas no dia 18 e 4 de junho, quando a nave estava acima da linha do equador a 27 e 52 milhões de quilômetros de distância. Segundo Cowan, se a Deep Impact estivesse sobre o eixo polar as observações resultariam em branco, ao invés de cinza.

Novos Instrumentos

O trabalho de Cowan registrou as variações de brilho da Terra, um ponto bastante grande se comparado a tamanho com que os planetas extrasolares aparecem nos telescópios. No entanto, quando os próximos telescópios espaciais forem projetados a técnica desenvolvida poderá ser aplicada na construção de novos instrumentos que permitam detectar as massas de água e terra através da alteração das cores do espectro, mesmo a longas distâncias.

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