quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Em busca da 'Terra 2'



(Cesar Baima - O Globo) Desde que o primeiro planeta orbitando outra estrela que não o Sol foi confirmado, em 1995, o santo graal dos astrônomos é encontrar um que seja semelhante à Terra e esteja na chamada “zona habitável”, em que não está nem longe demais nem perto demais de sua estrela de forma que sua temperatura permita a existência de água líquida na sua superfície. Vários instrumentos com diversas técnicas de detecção estão sendo usados nesta busca pela “Terra 2”, mas até agora ainda não há um candidato compatível.

Nesta caçada, um dos mais sérios candidatos a conseguir finalmente detectar a “Terra 2” é o observatório espacial Kepler, lançado em março de 2009 pela Nasa com este objetivo específico. Dotado de um fotômetro hipersensível, o Kepler procura o planeta entre cerca de 150 mil localizadas em um pequeno pedaço do céu na direção das constelações de Cygnus (Cisne) e Lira medindo variações ínfimas em seu brilho provocado pelos trânsitos do astro. Desde então, o Kepler já encontrou mais de 1,2 mil candidatos a planetas extrassolares e confirmou a existência de 17 deles, mas ainda nenhum como o nosso.

Embora alguns planetas rochosos com massas um pouco maiores que a da Terra já tenham sido encontrados e outros tantos ainda aguardam confirmação, achar um como o nosso pode ser bem mais difícil do que se imaginava. Para começar, os astrônomos Lisa Kaltenegger e Dimitar Sasselov, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, recalcularam as condições para que um planeta esteja na zona habitável e chegaram à conclusão de que dos 54 candidatos já detectados pelo Kepler apenas seis deveriam ser assim considerados.

Os astrônomos focaram sua avaliação em cinco fatores fundamentais: a incidência de radiação e a classe espectral da estrela; a excentricidade da órbita do planeta, isto é, a variação de sua distância da estrela ao longo de uma órbita completa; a refletividade do planeta, incluindo os efeitos de uma cobertura parcial de nuvens; a concentração de gases do efeito estufa e outros detalhes sobre sua atmosfera.

Segundo estimativas razoáveis dos cientistas, a zona habitável do nosso Sistema Solar se estenderia da órbita de Vênus a uma área próxima à fronteira interna do cinturão de asteroides além de Marte. E, como sabemos, dos três planetas nesta zona apenas a Terra é de fato habitável. Diante disso, temos uma clara evidência de que não basta apenas estar no lugar certo e muitas variáveis fazem com que um planeta seja habitável ou não.

Ainda assim, diante de tanto esforço da comunidade científica internacional, acredito que nos próximos anos finalmente teremos pelo menos um forte candidato à Terra 2, que deverá ser destino prioritário de uma eventual futura viagem interestelar. E vocês, o que acham?

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