quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Vida poderá encontrar-se perto de estrelas moribundas

Estrelas a morrer podem ter planetas com vida na sua órbita, aponta um estudo do Centro de Astrofísica (CfA, sigla em inglês) da Universidade de Harvard. Os cientistas acreditam que, se tal vida existir mesmo, poderão detetá-la na próxima década.



(DN - Portugal) Segundo os investigadores, as buscas deverão concentrar-se em estrelas que estão a morrer, as anãs brancas. Eles acreditam que será muito mais fácil detetar oxigénio na atmosfera de um planeta a orbitar uma anã branca do que num planeta a orbitar uma estrela semelhante ao Sol.

"Na busca por evidências biológicas extraterrestres, as primeiras estrelas a ser estudadas devem ser as anãs brancas", disse Avi Loeb, teórico do CfA.

Quando uma estrela como o Sol morre, ela ejeta as suas camadas externas, deixando um núcleo quente, que é chamado de anã branca. O seu tamanho típico é semelhante ao da Terra, mas praticamente com a mesma massa da estrela que lhe dá origem. Ela arrefece aos poucos e desaparece com o tempo, mas pode reter o calor suficiente para aquecer um planta ao seu redor por milhares de milhões de anos.

Como uma anã branca é muito menor e mais fraca do que o Sol, um planeta teria de estar muito mais próximo dela para ser habitável, ter água líquida na sua superfície. Tal planeta daria uma volta a cada 10 horas da estrela que orbita.

Mas, antes de uma estrela se tornar uma anã branca, ela incha, dando origem a uma gigante vermelha, e 'engole' os planetas próximos. Assim, o planeta onde se espera encontrar vida deveria ter entrado na zona habitável da estrela só depois de ela se tornar uma anã branca. O planeta poderia ser formado a partir dos restos de poeira e gás (conhecido como de segunda geração), ou migrar para perto da estrela vindo de uma distância maior.

A abundância de elementos pesados na superfície das anãs brancas sugere que uma fração significativa delas têm planetas rochosos. Loeb e o seu colega Dan Maoz, da Universidade de Tel Aviv, estimam que um estudo das 500 anãs brancas mais próximas da Terra poderá detetar um ou mais planetas habitáveis.

Para os investigadores, o melhor método para encontrar tais planetas é procurar um trânsito, uma estrela que escurece quando um planeta na sua órbita passa na sua frente. Uma vez que uma anã branca tem aproximadamente o mesmo tamanho da Terra, um planeta como o nosso pode bloquear muito da sua luz e emitir assim um sinal claro da sua existência.

Apenas as atmosferas dos planetas em trânsito podem ser estudadas, segundo os cientistas. Quando a luz da anã branca brilha através do anel de ar que circunda a silhueta do planeta, a sua atmosfera absorve parte da luz da estrela e assim pode-se observar os traços químicos que mostram se o ar contém vapor de água ou até mesmo condições propícias para a vida como a conhecemos, como o oxigénio.

Os astrónomos estão particularmente interessados na busca de oxigénio, porque o oxigénio na atmosfera da Terra é constantemente reabastecido, através da fotossíntese, pela vida vegetal. Se a vida cessar na Terra, a atmosfera perderia rapidamente o oxigénio, que seria dissolvido nos oceanos e oxidaria a superfície. Assim, a presença de grandes quantidades de oxigénio na atmosfera de um planeta distante poderia sinalizar a possível presença de vida.

O Telescópio Espacial James Webb (JWST, sigla em inglês), da NASA, previsto para ser lançado no final desta década, pode ser uma ferramenta definitiva para a deteção dos gases presentes em tais planetas. Loeb e Maoz criaram uma simulação que replica o que o telescópio seria capaz de ver ao observar um planeta habitável na órbita de uma anã branca. Eles descobriram que tanto oxigénio como vapor de água seriam detetáveis com apenas algumas horas de observação. O "JWST oferece a melhor esperança de encontrar um planeta habitado num futuro próximo", diz Maoz.
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