sexta-feira, 28 de junho de 2013

Primeiros planetas em trânsito descobertos num enxame estelar


(Astronomia On Line - Portugal) Todas as estrelas começam as suas vidas em grupos. A maioria, incluindo o nosso Sol, nascem em grupos pequenos e benignos que rapidamente se desfazem. Outros formam-se em agrupamentos enormes e densos que sobrevivem milhares de milhões de anos como enxames estelares. Dentro destes ricos e densos aglomerados, as estrelas disputam o espaço com milhares de vizinhos enquanto a radiação forte e os duros ventos estelares varrem o espaço interestelar, retirando materiais da formação planetária de estrelas próximas.

Parecem assim lugares improváveis para encontrar mundos. No entanto, a 3000 anos-luz da Terra, no enxame aberto NGC 6811, os astrónomos descobriram dois planetas mais pequenos que Neptuno em órbita de estrelas tipo-Sol. A descoberta, publicada na revista Nature, mostra que os planetas podem desenvolver-se mesmo em grupos lotados recheados de estrelas.

"Os velhos enxames representam um ambiente estelar muito diferente do berço do Sol e de outras estrelas com planetas," afirma Soren Meibom do CfA (Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica), autor principal do artigo. "E pensávamos que talvez os planetas não poderiam facilmente formar-se e sobreviver nos ambientes stressantes dos enxames, em parte porque há muito tempo que não os conseguíamos encontrar."

Os dois novos mundos alienígenas apareceram em dados do telescópio Kepler da NASA. O Kepler caça planetas em trânsito, isto é, quando passam em frente das suas estrelas hospedeiras. Durante um trânsito, a estrela diminui de brilho, e esta diminuição depende do tamanho do planeta, permitindo a sua determinação. Kepler-66b e Kepler-67b têm menos de três vezes o tamanho da Terra, ou cerca de três-quartos do tamanho de Neptuno (mini-Neptunos).

Dos mais de 850 planetas conhecidos para lá do nosso Sistema Solar, apenas quatro - todos semelhantes ou maiores que Júpiter em massa - foram encontrados em enxames. Kepler-66b e Kepler-67b são os planetas mais pequenos já descobertos em enxames estelares, e os primeiros planetas em enxames que transitam as suas estrelas-mãe, o que permite a medição dos seus tamanhos.

Meibom e colegas estimaram a idade de NGC 6811 em mil milhões de anos. Kepler-66b e Kepler-67b, portanto, juntam-se a um pequeno grupo de planetas com idades, distâncias e tamanhos determinados com precisão.

Considerando o número de estrelas observadas pelo Kepler em NGC 6811, a detecção destes dois planetas implica que a frequência e propriedades dos planetas em enxames abertos são consistentes com as dos planetas em torno de estrelas de campo (estrelas que não pertencem a um enxame ou associação) na Via Láctea.

"Estes planetas são extremófilos cósmicos," afirma Meibom. "A sua descoberta mostra que planetas pequenos podem formar-se e sobreviver pelo menos mil milhões de anos, mesmo num ambiente caótico e hostil."

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