segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Existirão vidas exóticas no espaço, além da vida que conhecemos?


Vidas diferentes
(Inovação Tecnológica) Cientistas de um novo instituto de pesquisas interdisciplinares na Áustria estão trabalhando para descobrir como a vida poderia evoluir com uma bioquímica exótica, com solventes como ácido sulfúrico em vez de água.

O grupo de pesquisa, batizado de Solventes Alternativos como Base para Zonas de Sustentação da Vida em Sistemas Exo-Planetários, foi instituído em maio de 2009, na Universidade de Viena, sob a coordenação de Maria Firneis.

Zona habitável
Tradicionalmente, a busca por planetas que possam sustentar vida tem-se concentrado na chamada "zona habitável," a região em torno de uma estrela em que planetas semelhantes à Terra, com dióxido de carbono, vapor de água e atmosfera de nitrogênio poderiam manter a água em sua superfície na forma líquida.

Com isto, os cientistas vêm procurando biomarcadores (sinais de vida) produzidos por uma vida extraterrestre que tenha um metabolismo parecido com o da vida terrestre, onde a água é usada como um solvente e os blocos básicos de construção da vida, os aminoácidos, são baseados em carbono e oxigênio. Entretanto, estas podem não ser as únicas condições sob as quais a vida pode evoluir.

"É hora de fazer uma mudança radical na nossa mentalidade geocêntrica atual para a vida tal como a conhecemos na Terra," disse Johannes Leitner, um dos membros do grupo. "Mesmo que este seja o único tipo de vida que conhecemos, não se pode excluir que outras formas de vida tenham evoluído em algum outro lugar sem se basear em um metabolismo à base água nem de carbono ou oxigênio."

Vida como não a conhecemos
Um dos requisitos para que um solvente sirva de apoio à vida é que ele permaneça líquido ao longo de uma grande faixa de temperaturas. A água é líquida entre 0 °C e 100 °C, mas existem outros solventes que são líquidos até acima de 200 °C. Um solvente assim permitiria um oceano em um planeta mais próximo de sua estrela.

O cenário inverso também é possível - um oceano líquido de amônia poderia existir a distâncias muito maiores de uma estrela. Além disso, o ácido sulfúrico pode ser encontrado no interior das camadas de nuvens de Vênus e agora sabemos que lagos de metano e etano cobrem partes da superfície da lua Titã, de Saturno.

Consequentemente, a discussão sobre o potencial de vida e as melhores estratégias para sua detecção é uma questão em aberto e não se limita apenas às chamadas "zonas habitáveis" e aos exoplanetas.

Questão de tempo
O recém-criado grupo de pesquisa, juntamente com colaboradores internacionais, irá investigar as propriedades de uma série de outros solventes, incluindo sua abundância no espaço, suas características termais e bioquímicas, bem como sua capacidade de servir como base para metabolismos que suportem a origem e a evolução da vida.

"Ainda que a maioria dos exoplanetas já descobertos até agora sejam provavelmente planetas gasosos, é uma questão de tempo até que sejam descobertos planetas menores, de dimensões parecidas com as da Terra," prevê Leitner.

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