segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Químico da Unesp de Araraquara pretende fazer estudo inédito na Nasa

Gustavo Costa atuará na agência espacial norte-americana em novembro. Pesquisa vai abordar atmosfera dos planetas fora do Sistema Solar.


(G1) Convidado para trabalhar na Nasa, o cientista brasileiro Gustavo Costa pretende realizar um estudo inédito sobre a atmosfera dos planetas que ficam fora do Sistema Solar. Seu trabalho na agência espacial norte-americana deve começar no dia 15 de novembro, data que considera um marco em seus 14 anos de vida acadêmica. Costa tem 37 anos, nasceu em Assis (SP) e se formou no Instituto de Química (IQ) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara (SP).

A proposta do químico que passará a integrar a equipe do Glenn Research Center, em Cleveland, nos Estados Unidos, é obter dados experimentais que vão além das informações obtidas por simulação computacional. “Esses planetas que estão fora do Sistema Solar são bem parecidos com a Terra, porém suas temperaturas podem exceder 2 mil graus Celsius. Minha proposta é desenvolver experimentos para obter dados sobre estabilidade e composição química das atmosferas desses planetas”, comentou em entrevista ao G1.

Segundo ele, esses dados serão importantes avanços na chamada ‘ciência de fronteira’. “Vamos poder separar o que a gente já conhece do que não é conhecido e estabelecer algo novo para a ciência”, afirmou. “Cientistas de outras áreas poderão usar os dados de nossa equipe para criar outras linhas de pesquisas, o que contribui para o avanço da ciência”.

Oportunidade
O convite para atuar na Nasa veio de forma despretensiosa, segundo Costa. “Nunca tive interesse em trabalhar lá e estava procurando posição de cientista para poder continuar e desenvolver minhas pesquisas”, disse. Ao vasculhar anúncios de vagas em sites na internet viu que a agência espacial procurava alguém com suas especialidades. “Sou especialista em termoquímica e submeti a minha proposta de pesquisa, depois disso me selecionaram, passei um dia no centro de pesquisa, apresentei um seminário e fui entrevistado por outros cientistas”, contou.

Dificuldade
A procura por uma posição de cientista nos Estados Unidos ocorreu após enfrentar dificuldades para encontrar trabalho no Brasil, quando retornou ao país depois de um ano na Universidade da Califórnia, onde deu continuidade à sua pesquisa para o doutorado na Universidade de São Paulo. “Voltei ao Brasil para defender minha tese e depois encontrei dificuldade para encontrar ocupação nos laboratórios, até receber um convite para continuar minha pesquisa na Califórnia”, disse.

Para Costa, falta valorização dos cientistas no Brasil. “Ser um cientista nos EUA é como ser um jogador de futebol no Brasil, infelizmente há essa diferença”, lamentou. Segundo ele, falta investimento estrutural para a ciência brasileira. “Por mais que se invista é pouco e o salário pago é incompatível com a carreira, a gente tem que mostrar que o Brasil não é só futebol e carnaval”, completou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário